Aborto

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Enquanto nuns países o aborto é penalizado por lei, noutros pode ser feito mediante autorização prévia. Cerca de dois terços das mulheres de todo o mundo têm acesso ao aborto legal e aproximadamente uma duodécima parte vive em países nos quais o aborto está estritamente proibido. Em alguns países, o aborto solicitado pela mulher é legal durante os primeiros três meses de gravidez. Depois desse tempo, o direito ao aborto está sujeito a diferentes condicionantes em cada estado. Em determinados países, cerca de 30 % de todas as gravidezes terminam devido ao aborto, o que o converteu num dos procedimentos cirúrgicos mais frequentes.

Em geral, a contracepção e a esterilização têm índices de complicação muito mais baixos do que o aborto, em especial entre as mulheres jovens. Por conseguinte, a contracepção e a esterilização (para a mulher que não desejar engravidar no futuro) são melhores opções para evitar uma gravidez não desejada. O aborto deverá ser reservado para situações em que tenham fracassado outras técnicas mais seguras.

Os métodos abortivos mais frequentes são a evacuação do conteúdo do útero através da vagina (evacuação cirúrgica) e a administração de fármacos que estimulam as contracções do útero para que este expulse o seu conteúdo. O processo utilizado depende do momento da gestação.

A evacuação cirúrgica através da vagina faz-se em cerca de 97 % dos abortos e, quase sempre, para gravidezes com menos de 12 semanas. Emprega-se uma técnica denominada raspagem por aspiração. Se for feita durante as primeiras 4 a 6 semanas de gravidez, o colo uterino só necessita de ser muito pouco ou nada dilatado. O instrumento que se usa na maioria dos casos é um pequeno tubo flexível, ligado a uma fonte de aspiração, geralmente uma bomba automática de sucção ou uma manual, embora também se possa criar vácuo mediante uma seringa. O tubo ou cânula é introduzido pelo colo uterino até à cavidade uterina que, em seguida, se esvazia por completo muito lentamente. Em certos casos, este procedimento não consegue acabar com a gravidez, sobretudo se não for feito durante as primeiras semanas.

Nas gravidezes de 7 a 12 semanas é necessário, com frequência, fazer uma dilatação do colo uterino, porque a cânula de sucção é de maior diâmetro. Para reduzir a possibilidade de lesões, em vez de dilatadores mecânicos empregam-se a laminária (talos de algas marinhas, secos) ou dilatadores semelhantes que absorvam água. Os talos de laminária são colocados no canal cervical e deixam-se durante, pelo menos, 4 ou 5 horas, em geral durante a noite. Ao absorver grandes quantidades de água, expandem-se e, portanto, dilatam o orifício de abertura do colo uterino.

Nas gravidezes de mais de 12 semanas, a técnica mais frequentemente usada é a dilatação e a evacuação (D e E). Para isso, é utilizada uma cânula de sucção e pinças para extrair os produtos da concepção e depois raspa-se o útero ligeiramente para ter a segurança de que se conseguiu uma extirpação completa. A dilatação e a evacuação é uma técnica que se utiliza cada vez mais para induzir o aborto nas gravidezes mais avançadas, em vez de recorrer aos fármacos, devido ao facto de o seu índice de complicações ser menor.

Por vezes, para interromper a gestação, são administrados determinados fármacos, como a mifepristona (RU 486) e as prostaglandinas, em especial após 16 semanas de gravidez, porque uma dilatação e evacuação nesse estado pode provocar graves complicações, como uma lesão do útero ou do intestino. O RU 486 também pode ser utilizado pouco depois da concepção. As prostaglandinas, fármacos que estimulam as contracções uterinas, podem ser administradas tanto sob a forma de supositórios vaginais como injectáveis. Os efeitos secundários são náuseas, vómitos, diarreia, vermelhidão facial e desfalecimentos. Em algumas mulheres as prostaglandinas podem até desencadear um ataque de asma.

A mifepristona, combinada com uma prostaglandina, é muito eficaz para interromper uma gravidez com menos de 7 semanas, pois bloqueia a acção da progesterona no revestimento uterino. Em muitos países pode-se conseguir com receita médica.

Em certos casos, para evitar uma gravidez depois de um só acto sexual sem protecção, é administrado um contraceptivo oral de dose elevada, mas estes fármacos nem sempre são eficazes. Devem ser tomados antes de 72 horas. Os efeitos secundários incluem náuseas e vómitos.

Complicações

O risco de complicações a partir de um aborto está directamente relacionado com a duração da gravidez e com o método empregado. Quanto mais tempo tiver durado a gestação, maior é o risco. A duração da gravidez é difícil de determinar se a mulher tiver tido hemorragias depois de conceber, se for obesa ou se o útero estiver numa posição inclinada para trás em vez de para a frente. Nessas situações, normalmente faz-se uma ecografia.

Uma complicação grave é a perfuração do útero ao utilizar-se um instrumento cirúrgico e acontece em 1 entre 1000 abortos. Por vezes, também se lesiona o intestino ou outro órgão. Em 6 de entre 10 000 abortos pode verificar-se uma hemorragia abundante durante a intervenção ou imediatamente depois da mesma. Da mesma forma, certos procedimentos podem provocar uma rotura superficial ou outra lesão no colo uterino, particularmente durante o segundo trimestre da gravidez.

As complicações tardias mais frequentes são as hemorragias que se verificam devido ao facto de parte da placenta ficar retida no útero, uma infecção e a formação de coágulos de sangue (trombos) nas pernas. Muito raramente, a esterilidade pode ser devida a uma infecção dentro do útero ou nas proximidades do mesmo, ou então ao desenvolvimento de cicatrizes na cavidade uterina (síndroma de Asherman). Por último, as mulheres com um sangue Rh-negativo podem sensibilizar-se face ao sangue Rh-positivo do feto (como em qualquer gravidez, aborto espontâneo ou parto), a menos que lhes sejam administradas injecções de imunoglobulina Rh (D).

Aspectos psicológicos

Para a maioria das mulheres, o aborto não implica uma ameaça à sua saúde mental e não tem efeitos psicológicos adversos a longo prazo. Antes de se legalizar o aborto, os problemas psicológicos estavam relacionados com as dificuldades e com o stress para conseguir abortar. As mulheres que mais probabilidades têm de sofrer perturbações psicológicas depois de um aborto são as adolescentes ou as que já tinham problemas psiquiátricos antes da gravidez, as que interromperam uma gravidez desejada por motivos de saúde, as que não estavam seguras de querer a gravidez ou as que abortaram quando a gravidez já estava avançada.

Fonte: manualmerck



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Um comentário a “Aborto”
  1. Avatar de Ecografia 20 Semanas

    Este artículo es muy bueno e interesante. Gracias!